segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Leishmaniose, oque é? e porque todos devemos nos preocupar?



   A leishmaniose é uma doença causada por um protozoário chamado leishmania spp, que é transmitida pela fêmea do mosquito palha infectada, apenas a fêmea é hematófaga, pois ela precisa de sangue para fazer a postura dos ovos, e cada postura a fêmea deposita cerca de 100 ovos.
Esse vetor (mosquito palha) se desenvolve em solo úmido, rico em matéria orgânica em decomposição, com pouca luminosidade, e ficam muito mais ativos ao entardecer e a noite.
 
   A doença pode acometer humanos, cães, gatos e outras espécies, sendo que dentre os animais os cães são a maior preocupação, pois podem ser os reservatórios da doença mais próximos ao humano, com relação aos gatos, estes também podem adquirir a doença, mas estes parecem ter uma resistência natural, e geralmente os gatos que desenvolvem a doença são os que já têm alguma doença imunossupressora, porém ainda não é bem esclarecido. É sempre importante ressaltar que a transmissão da doença, nunca ocorre por contato direto entre as espécies, e sim por intermédio da picada do vetor.

   Após a transmissão da doença, o parasita pode ficar encubado durante alguns meses até anos no paciente, até que se iniciem os sinais clínicos, e dependendo da espécie da leishmania, essas podem se multiplicar e ficar apenas no local da picada, ou disseminar-se para outros órgãos, e isso faz com que haja a classificação da leishmaniose em tegumentar e visceral ou calazar.

   Na leishmaniose tegumentar o protozoário se multiplica no interior de células denominadas macrófagos, fazendo com que apareçam nódulos, que levará a formação de úlceras, que não causam dor e não são pruriginosas (não coçam), e a quantidade de lesões, varia conforme a quantidade de picadas. Os locais mais acometidos são as regiões com pouco ou nenhum pêlo, como: bolsa escrotal, focinho, boca, prepúcio.

   Na leishmaniose visceral ou calazar, cerca de 60% dos animais portadores da doença são assintomáticos, mas após a inoculação do protozoário no organismo do paciente, também ocorre uma proliferação destes no local da picada e em seguida a disseminação sistêmica, levando a diversas alterações clínicas, como: quedas de pêlos, crescimento exagerado das unhas, emagrecimento progressivo, aumento de gânglios linfáticos, fraqueza, vômito, diarreia, falta de apetite, doenças oftálmicas, dores e inchaços articulares, disfunção renal e hepática.

   Para o diagnóstico da doença, o profissional da área da saúde que irá atender deve estar atento aos sinais clínicos, levando em consideração se o paciente visitou ou é de uma região endêmica. E existem diversos exames laboratoriais para confirmar ou descartar a doença, que deve sempre ser conduzido por um profissional capacitado.

   O tratamento da leishmaniose nos cães sempre foi bastante discutido, pois até poucos meses não havia uma medicação aprovada, que fosse destinada para o tratamento da leishmaniose na veterinária, sendo assim, a recomendação para os casos de cães positivos para a doença, é que fossem submetidos à eutanásia. Mas no final do ano passado foi aprovada pelo ministério da agricultura uma medicação chamada Milteforan® da Virbac (Saiba mais sobre a medicação), para tratamento de cães com leishmaniose, essa medicação faz com que haja diminuição da carga parasitária do portador, consequentemente melhorando os sinais clínicos, mas todo paciente que faz uso da medicação após o tratamento deve fazer acompanhamento veterinário periodicamente, pois o tratamento não promove à cura, fazendo-se de grande valia a conscientização do tutor, para que faça os acompanhamentos e que não negligencie a importância disso.

   Algumas formas para a prevenção da doença e cuidados que se deve ter com os animais portadores em tratamento são: evitar acúmulo de matéria orgânica no ambiente, usar coleiras repelentes, telas em janelas para evitar a entrada do mosquito, evitar ficar exposto ao entardecer que é quando o vetor está mais ativo.

   A leishmaniose é uma doença que gera grandes preocupações na saúde pública, por ser uma doença grave, que gera grande taxa na mortalidade em humanos. Por isso deve ser levada a sério por todos os profissionais de saúde, notificando os casos suspeitos e orientando a população. 


domingo, 12 de fevereiro de 2017

Seu cachorro come grama? Saiba por quê!



Isso é muito mais comum do que você imagina. Mas é importante ficar atento a alguns sinais para que isto não se torne um problema ao seu cãozinho.

Vamos lá.

Cães são animais semi carnívoros, ou seja, diferente dos gatos que são estritamente carnívoros, os cães também procuram e se interessam por outros alimentos como a grama, mato, frutas ou outros tipos de alimentos que contenham fibras.


Então o primeiro ponto importante é: eles gostam de comer grama! E podem ingerí-la quando estão com fome.

Em outras situações, ainda não 100% comprovadas cientificamente, cães procuram grama ou outra fonte de fibras para ingerir quando estão com algum desconforto gástrico ou intestinal. Mas por quê? A grama causa uma irritação na mucosa estomacal, induzindo o animal a vomitar, ou seja, é um tipo de terapia natural para aliviar tal desconforto, além do que as fibras ajudam a acelerar o transito gastrointestinal. O ponto importante em questão é: por que eles estariam com desconforto? É comum eles comerem algo que não fez bem e induzir o vômito aliviaria tal situação, mas também pode acontecer por problemas mais sérios como gastrite crônica, presença de vermes intestinais, falta de água na dieta, uma dieta inadequada (que não tenha os componentes necessários e boas quantidades para uma boa alimentação) e até mesmo obstrução e corpo estranho estomacal ou intestinal.


Dica #1: para saber se a dieta do seu animal é adequada ou não sempre procure um médico veterinário, a única pessoa capaz de diagnosticar qualquer problema na dieta do seu cão. Mas se por ventura, você quer adicionar um pouco mais de fibra na dieta do seu cão, essa receita de cookies do famoso site Cachorro Verde é super interessante e prática, e baseada em experiência própria, os cães adoram!

Dica #2: sobre desvermifugar seu animal é importante procurar a orientação do médico veterinário, pois é baseado na rotina do seu cão que o doutor vai decidir de quanto em quanto tempo é necessário desvermifugá-lo e qual tipo de vermífugo utilizar. De uma forma geral, indica-se desvermifugar seu cão a cada 4-6 meses. 

Dica #3: cuidado com qual grama seu animal come, como assim? Se você leva seu cãozinho pra passear com frequência em praças, parques e locais públicos, fique atento, pois a ingestão de grama nesses lugares pode não ser indicado, uma vez que ele pode ingerir pesticidas, venenos e urina e fezes de outros cães que podem não estar com a saúde em dia e se caso isso acontecer, seu amiguinho pode adquirir alguma doença transmissível por esses meios, Hoje no mercado pet já é possível encontrar gramas artificiais que seu cão pode comer, muito bacana, né?




Outras duas situações que podem levar seu cão a comer grama são a ansiedade e o instinto de caça. Animais que não tem muita atenção, ficam muito sozinhos, tem pouca atividade física e mental podem desenvolver falhas no comportamento, como comer grama, latir mais que o normal e criar hábitos que antigamente não tinham, fique atento, e se caso perceber essas mudanças, marque um consulta com seu médico veterinário de confiança. Já sobre o instinto de caça, alguns estudos apontam que para reconhecer melhor sua presa é normal os predadores ingerirem a grama por onde as presas passaram, interessante, não é? Portanto, se seu cão é um caçadorzinho nato, vale sim comer grama!

Com todas essas informações é fato que os cães são animais extremamente sábios, não é mesmo? A gente sempre pode aprender muito com eles, e se apaixonar cada vez mais por esses peludos de quatro patas.

Espero que tenham gostado, até a próxima pessoal!


domingo, 29 de janeiro de 2017

A história da Belinha

Boa noite pessoal, um ótimo domingo pra todo mundo. E pra começar bem a semana eu vim aqui contar uma história pra vocês que acompanhei de perto e até pra mim que estou nesse mundo animal há alguns anos é surpreendente e nos faz enxergar a adoção de outra forma. É a história da Belinha.


 No final de 2015, uma voluntária de uma ong de proteção animal encontrou uma cadelinha poodle bem debilitada vagando sozinha pela rua, ela parecia ter dificuldade pra andar e pra enxergar. No mesmo dia encaminhou o animal para uma avaliação no veterinário (PONTO IMPORTANTE: sempre que encontrar um animal na rua e tem a intenção de ajudá-lo, antes mesmo de o levar pra casa, deve-se passar por uma avaliação com um profissional capacitado, pois como já dissemos aqui no blog, existem doenças transmissíveis para outros animais e para pessoas, e o veterinário poderá te alertar das condições físicas desse novo animal e orientá-lo na fase de adaptação, seja para prepará-lo para adoção ou para reintrodução em um novo lar). Continuando, Belinha foi levada ao veterinário (ate então não havia idéia de como era seu verdadeiro nome e muito menos de como era sua história), após a avaliação no consultório veterinário, veio a surpresa, nada animadora, Belinha já era uma cachorrinha velhinha, entre 8 a 10 anos de idade, era cega e tinha vários nódulos na mama (tumores de mama). Poxa vida, pra quem já conviveu nesse meio de resgate de animais, sabe a dificuldade de encontrar um lar para um animal saudável, agora, quem dirá pra uma cachorrinha igual a Belinha? E ai, vem a parte mais legal da história, eu não conheço sua crença, mas seja por coincidência de destino, coincidência divina ou uma força maior, quando a Belinha ainda estava no consultório, uma das clientes da clínica chegou pra buscar suas duas cachorrinhas poodle, Nina e Milk, que estavam no banho e se deparou com a Belinha, ficou super encantada com a história e na mesma hora decidiu que ficaria e cuidaria dela mesmo sabendo de todos os seus problemas. CARAMBA!!! Foi um choque geral, sabe aquelas cenas que você não sabe se está realmente acontecendo? Ou se é sua imaginação? Nesse momento, Belinha se tornou Belinha. E a adaptação da Belinha na nova casa, na nova rotina? 100%. Isso mesmo, após estar liberada pra ir pra casa, Belinha não encontrou nenhuma dificuldade em se adaptar na nova casa, aprendeu rapidinho a latir na hora da comida, junto com suas novas amigas, aprendeu a subir as escadas (mesmo cega? Sim, o poder de adaptação desses animais é incrível) e aprendeu onde era o melhor lugar da casa, na cama da sua nova dona. Que delícia né, mas a história não pára por ai. Poucas semanas após Belinha estar na sua nova casa, aconteceu algo muito estranho, no meio da noite, Belinha estava na cama e começou a ficar muito agitada, ninguém estava entendendo o que ela queria e de repente, Belinha pariu um filhote, um único filhote, já morto. COMO ASSIM? Após a avaliação do veterinário, descobriu-se que quando Belinha foi resgatada, ela já estava prenha e provavelmente devido ao abandono e a falta de condições que o corpo dela sofreu nesse período, que não se sabe ao certo quanto tempo foi, não houve condições do organismo dela sustentar tal gravidez. Belinha se recuperou rápido de tal circunstância e quando já estava bem, passou por novos exames pré-operatórios e realizou sua primeira cirurgia de retirada de tumores mamários. Sua recuperação foi excelente e o tratamento não acabou por ai, ela realizou algumas sessões que quimioterapia, pois ainda haviam outros tumores, e novamente, quando liberada pelo médico veterinário oncologista, Belinha passou por uma segunda cirurgia para a retirada do restante dos nódulos mamários que ainda haviam e mais uma vez, Belinha se superou, recuperação 100%. Após a segunda cirurgia Belinha passou por mais algumas sessões de quimioterapia e recebeu alta do tratamento (PONTO IMPORTANTE: a cirurgia aqui citada é a mastectomia, ela pode ser bilateral, unilateral ou parcial, dependendo da indicação do médico veterinário, e sempre acompanhada da castração, sendo que em alguns casos, após alguns exames, é necessário a quimioterapia). Enfim, Belinha hoje não poderia ser mais feliz, agora o próximo passo é cuidar do olhinho, já passou por avaliação com o oftalmologista veterinário e está tratando um problema de falta de produção de lágrimas para depois pensar na possibilidade de uma cirurgia para recuperação da visão. Linda a história da Belinha né? Gostaria de deixar aqui a minha homenagem pra tutora da Belinha, que além de ser uma pessoa super especial, soube como ninguém ter paciência na sua adaptação e proporcionou pra Belinha uma vida que ninguém poderia imaginar, você já pode dizer em voz alta que salvou uma vida, com muito, muito orgulho! Expresso aqui a gratidão da Belinha, ela te ama muito  E no final do ano passado, Belinha pode conhecer o mar, isso mesmo, viajou com a tropa toda pra praia, e se divertiu muito. Adotar realmente é tudo de bom, desde que essa ação seja realizada com muito responsabilidade e consciência. Se você também tem uma história de adoção, conta pra gente, ficaremos super felizes em compartilhar desses momentos com vocês.


Até a próxima pessoal, espero que tenham gostado.