quinta-feira, 5 de julho de 2012

Urolitíase em cães

Cálculos urinários ou urólitos são concreções macroscópicas formadas no trato urinário que podem ser encontrados em qualquer uma de suas porções inferiores. Já as precipitações microscópicas são denominadas de cristais. Estes precipitados são chamados de urólitos ou cálculos urinários.
Alterações contínuas na composição da urina promovem a hipersaturação de substâncias eliminadas nesse líquido, que resulta em sua precipitação e subseqüente formação de urólitos.
Os fatores contribuintes para esse processo são: concentração elevada de sais na urina, tempo suficiente no trato urinário, pH favorável, formação de um núcleo central ou foco e redução da concentração de inibidores da cristalização na urina. A elevada ingestão nutricional de minerais e proteína e a capacidade de produzir urina altamente concentrada também contribuem para a hipersaturação da urina.
Os urólitos são classificados de acordo com sua forma, composição mineral e localização. Podem ter qualquer tamanho, ser duros, relativamente moles, brancos ou amarelos, lisos ou ásperos, arredondados ou facetados, múltiplos ou simples.
A constituição dos cálculos urinários varia muito. Cálculos formados por fosfato de amônio e magnésio (estruvita) são os mais comuns, seguidos por oxalato de cálcio, urato, silicato, cistina e tipos mistos.
Pequenos urólitos presentes na bexiga geralmente transitam até a uretra durante a fase de eliminação da micção. A obstrução é mais comumente observada em machos devido a uretra ser mais longa e mais estreita e cálculos com diâmetro ligeiramente menor que o diâmetro do lúmen uretral podem alojar-se depois do osso peniano e essa parece ser a localização mais freqüente desses urólitos. Fêmeas são menos suscetíveis a essa complicação por possuírem uretra mais curta e calibrosa. Quando ocorre obstrução e disúria nas fêmeas, os cálculos estão comumente localizados na pelve renal ou na bexiga.
Os urólitos podem lesar o epitélio causando inflamação com achados típicos de hematúria, polaciúria, disúria-estrangúria, além de predispor o animal ao desenvolvimento de infecção bacteriana no trato urinário. Associadas à infecção do trato urinário, septicemia e destruição do parênquima renal podem ocorrer em poucos dias nos animais com obstrução completa. Ocorrendo obstrução persistente, ambos os rins podem ser afetados resultando em uremia.
A mera presença de urólitos no sistema urinário nem sempre implica na necessidade de sua remoção; porém os urólitos resultando em sinais de disúria, hematúria, infecção do trato urinário, incontinência, obstrução ou azotemia, devem ser imediatamente tratados.
A urolitíase é normalmente diagnosticada através da combinação de anamnese, exame físico, urinálise, achados radiográficos e ultrasonográficos para a diferenciação entre urólitos e a infecção do trato urinário, neoplasia do trato urinário, pólipos, coágulos sangüíneos e anomalias urogenitais. Estes exames auxiliam no estabelecimento de um tratamento adequado para cada tipo de urólito.

O tratamento de urolitíase pode ser clínico, através da dissolução e/ou interrupção do crescimento subseqüente dos urólitos, ou cirúrgico através da remoção cirúrgica. O acompanhamento da terapia somado a um programa preventivo garante menor taxa de recidiva na maioria dos casos.
Além da dissolução clínica dos urólitos, a micção forçada por compressão da bexiga e a remoção por urohidropropulsão podem ser utilizadas como forma não cirúrgica de retirada de cistourólitos em alguns animais.
A dieta é a principal forma de se evitar recidivas dos urólitos em animais com predisposição a tê-los. O alimento fornece energia e nutrientes para o animal, sendo que alguns deles são essenciais e devem estar presentes na dieta. A quantidade de cada nutriente a ser oferecida na dieta deve ser adaptada em função do tipo de urólito do animal.
Em caso de recidiva da ITU, estará indicado o tratamento, por período indeterminado, com doses profiláticas de agentes antibióticos que sejam eliminados pela urina, em concentrações elevadas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Paralisia de laringe em equinos


Uma das afecções mais comumente encontradas na laringe é a hemiplegia laringeana, conhecida também como: neuropatia laringeana recorrente, paralisia da laringe, “cavalo roncador” ou “chiador”. É um distúrbio em que há paralisia incompleta ou total da musculatura da laringe impedindo a abertura e o fechamento eficaz das cartilagens aritenóides. Como consequência desta paralisia, os animais apresentam sinais clínicos de ronco ao trote ou galope e em casos mais severos pode ocorrer hipóxia.
Na maioria dos casos não existe uma causa conhecida para a paralisia laringeana, chamada de Hemiplegia Laringeana Idiopática. A maior parte dos casos clinicamente detectáveis acomete o nervo laríngeo recorrente esquerdo, mas pode acometer o direito também, embora em menor grau.
Prováveis causas da paralisia de laringe:
- Compressão ou estiramento mecânico do nervo laríngeo recorrente esquerdo ao passar pelo arco-aórtico.
- Neuropatias induzidas por vírus ou bactérias.
- Deficiências vitamínicas.
- Secundariamente a infecções perivasculares ou perineurais.
- Intoxicação por carrapaticidas, envenenamento por chumbo, micose nas bolsas guturais, neoplasias, acidentes traumáticos na região do pescoço.
O nervo laríngeo recorrente é o responsável pela inervação de grande parte de estruturas anatômicas. A compressão ou lesão neste nervo ocasionará uma movimentação deficiente das cartilagens aritenóides, levando a uma diminuição do fluxo de ar.
A apresentação clínica se dá especialmente pela queda no rendimento desportivo e pelo ruído durante o exercício e o diagnóstico é feito por meio do histórico, exames físico e endoscópico das vias aéreas. A endoscopia é essencial e conclusiva para um diagnóstico preciso, sendo realizada em três momentos: com o animal em repouso, durante e logo após o exercício.
A Hemiplegia Laringeana Idiopática pode ocorrer em diferentes graus.
Grau I - aparência de assimetria como um artefato, devido à posição do endoscópio.
Grau II - a maioria dos movimentos são simétricos com abdução total. A sincronia ou atraso na abdução pode ser vista, principalmente, na aritenóide esquerda.
Grau III - assimetria, porém com plena abdução
Grau IV - assimetria é marcada, não há plena abdução, mas alguns movimentos estão presentes.
Grau V - Hemiplegia verdadeira – assimetria marcada com ausência de movimento do lado afetado e não há resposta ao “Slap Test”
O tratamento de eleição na maioria dos casos é cirúrgico. Em animais atletas, geralmente é instituída uma técnica cirúrgica específica que irá reduzir o ruído e melhorar o fluxo de ar para melhorar o rendimento do animal durante o exercício. Porém, em casos em que o cavalo é atendido precocemente, pode ser instituído um tratamento conservador, o qual dependerá da causa primária da lesão.
Complicações e erros cirúrgicos podem ocorrer, por exemplo, a cartilagem retornar à posição original e assim o animal volta a roncar.
O prognóstico deve ser considerado reservado, uma vez que o animal pode ter seu desempenho atlético comprometido, mas isto depende muito do nível de atividade desempenhada pelo animal.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Osteossarcoma



Os osteossarcomas são os tumores ósseos primários mais comuns em cães, 80% a 95% das neoplasias ósseas diagnosticadas, sendo de ocorrência menos freqüente no gato.
É um tumor mesenquimal maligno de células ósseas primitivas que histologicamente é composto por células mesenquimais anaplásicas que produzem osteóides. Localmente invasivo e rapidamente metastático, com forte predileção pelo pulmão.
O OSA apendicular é observado com maior freqüência em cães de meia idade e idosos, de raças grandes e gigantes, mais em cães pesados, como: São Bernardo, Rottweiler, Doberman, Pastor Alemão, Golden Retriever, Boxer, Labrador e Mastiff.
A maioria surge do canal medular dos ossos longos, podendo algumas vezes originar-se na cortical e no periósteo, e a região metafisária é o sítio primário mais comum de ocorrência. Os membros torácicos são mais acometidos que os pélvicos.


A etiologia permanece desconhecida. Existem relatos de OSA apendicular em fraturas não tratadas, osteomielite crônica e nos sítios prévios de fraturas associados a implantes metálicos ou enxerto cortical. A radiação tem sido relatada como uma causa. Alterações genéticas foram observadas em cães com OSA e relatadas como um importante fator de risco para o desenvolvimento deste tumor.
Cães com osteossarcoma apendicular são comumente apresentados com claudicação, inchaço e edema no membro afetado. A massa é geralmente firme e dolorosa à palpação.
Animais com diagnóstico radiográfico de metástases podem permanecer assintomáticos por muitos meses, entretanto, alguns se tornam apáticos e anoréxicos dentro de um mês, podendo apresentar tosse, dispnéia, perda de peso e fraqueza.
O diagnóstico tem como base a história clínica, exame físico, radiográfico e citológico, sendo a confirmação, muitas vezes, feita por biópsia e exame histopatológico.
O exame radiográfico é o método mais utilizado para o diagnóstico, porém é apenas sugestivo, pois o aspecto radiográfico pode ser variável.
A citologia aspirativa com agulha fina pode propiciar o diagnóstico definitivo como meio menos invasivo e relativamente barato. Uma biópsia de tecido pode também ser usada para diagnóstico citológico preliminar, obtendo-se uma impressão sobre lâmina.
Também é de extrema valia o uso de outros recursos como a cintilografia, tomografia ou ressonância magnética, que mais detalhadamente avaliam a neoplasia quanto a sua característica e extensão.
Confirmado OSA, há muitas opções de tratamento e controle da doença na tentativa de conseguir boa qualidade de vida, triada nos resultados dos exames.
O primeiro tratamento para OSA apendicular em cães é a amputação do membro afetado. Sua principal vantagem é que o procedimento proporciona a ressecção completa do tumor primário e conseqüente alívio da dor, sendo considerada tratamento paliativo. Depois da amputação, 70% a 90% dos cães desenvolvem metástase pulmonar com até um ano de cirurgia, sendo que 85% dos cães morrem de doença metastática. Os 15% restantes são considerados curados.
Metastectomia pulmonar é descrita como um procedimento que pode contribuir significativamente, aumentando o tempo de sobrevida de cães acometidos por metástase pulmonar.
A resposta individual de cães à quimioterapia é imprevisível, podendo resultar em insucesso. No entanto, a administração de uma droga citotóxica é necessária em face da doença metastática para diminuir a carga total do tumor, prolongar o intervalo livre da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. Em cães com metástase clinicamente ou radiograficamente detectável, a quimioterapia parece ser usualmente inefetiva.
A radioterapia como tratamento, pode ocasionar o alívio ou até remissão da dor por longos períodos e o retardo do crescimento neoplásico e sua combinação com a cirurgia pode prolongar significativamente a sobrevida dos pacientes, podendo, às vezes, ser curativa.
Cães jovens parecem apresentar a doença biologicamente mais agressiva e um tempo de sobrevida mais curto. Quando localizados na porção proximal do úmero ou em animais com peso superior a 40Kg, parecem estar também associados a menor taxa de sobrevida. O OSA apendicular, quando tem origem periosteal, é considerado de alto grau de malignidade, mais invasivo e potencialmente metastático.
A presença de metástase, detectada no momento do diagnóstico do ostessarcoma, é reconhecida como um fator de prognóstico pobre, sendo o tratamento menos efetivo em aumentar o tempo de sobrevida.
Níveis elevados de fosfatase alcalina são também fatores de tempo de sobrevida mais curto, mesmo quando tratados agressivamente.
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária
Oncologia Pet