Cálculos urinários ou urólitos
são concreções macroscópicas formadas no trato urinário que podem ser
encontrados em qualquer uma de suas porções inferiores. Já as precipitações
microscópicas são denominadas de cristais. Estes precipitados são chamados de urólitos
ou cálculos urinários.
Alterações contínuas na
composição da urina promovem a hipersaturação de substâncias eliminadas nesse
líquido, que resulta em sua precipitação e subseqüente formação de urólitos.
Os fatores contribuintes para esse
processo são: concentração elevada de sais na urina, tempo suficiente no trato
urinário, pH favorável, formação de um núcleo central ou foco e redução da
concentração de inibidores da cristalização na urina. A elevada ingestão nutricional
de minerais e proteína e a capacidade de produzir urina altamente concentrada
também contribuem para a hipersaturação da urina.
Os urólitos são classificados de
acordo com sua forma, composição mineral e localização. Podem ter qualquer
tamanho, ser duros, relativamente moles, brancos ou amarelos, lisos ou ásperos,
arredondados ou facetados, múltiplos ou simples.
A constituição dos cálculos
urinários varia muito. Cálculos formados por fosfato de amônio e magnésio
(estruvita) são os mais comuns, seguidos por oxalato de cálcio, urato, silicato,
cistina e tipos mistos.
Pequenos urólitos presentes na
bexiga geralmente transitam até a uretra durante a fase de eliminação da
micção. A obstrução é mais comumente observada em machos devido a uretra ser
mais longa e mais estreita e cálculos com diâmetro ligeiramente menor que o
diâmetro do lúmen uretral podem alojar-se depois do osso peniano e essa parece
ser a localização mais freqüente desses urólitos. Fêmeas são menos suscetíveis
a essa complicação por possuírem uretra mais curta e calibrosa. Quando ocorre
obstrução e disúria nas fêmeas, os cálculos estão comumente localizados na
pelve renal ou na bexiga.
Os urólitos podem lesar o
epitélio causando inflamação com achados típicos de hematúria, polaciúria,
disúria-estrangúria, além de predispor o animal ao desenvolvimento de infecção
bacteriana no trato urinário. Associadas à infecção do trato urinário, septicemia
e destruição do parênquima renal podem ocorrer em poucos dias nos animais com
obstrução completa. Ocorrendo obstrução persistente, ambos os rins podem ser
afetados resultando em uremia.
A mera presença de urólitos no
sistema urinário nem sempre implica na necessidade de sua remoção; porém os
urólitos resultando em sinais de disúria, hematúria, infecção do trato
urinário, incontinência, obstrução ou azotemia, devem ser imediatamente
tratados.
A urolitíase é normalmente
diagnosticada através da combinação de anamnese, exame físico, urinálise,
achados radiográficos e ultrasonográficos para a diferenciação entre urólitos e
a infecção do trato urinário, neoplasia do trato urinário, pólipos, coágulos
sangüíneos e anomalias urogenitais. Estes exames auxiliam no estabelecimento de
um tratamento adequado para cada tipo de urólito.
O tratamento de urolitíase pode ser clínico, através da dissolução e/ou interrupção do crescimento subseqüente dos urólitos, ou cirúrgico através da remoção cirúrgica. O acompanhamento da terapia somado a um programa preventivo garante menor taxa de recidiva na maioria dos casos.
Além da dissolução clínica dos
urólitos, a micção forçada por compressão da bexiga e a remoção por
urohidropropulsão podem ser utilizadas como forma não cirúrgica de retirada de cistourólitos
em alguns animais.
A dieta é a principal forma de se
evitar recidivas dos urólitos em animais com predisposição a tê-los. O alimento
fornece energia e nutrientes para o animal, sendo que alguns deles são
essenciais e devem estar presentes na dieta. A quantidade de cada nutriente a
ser oferecida na dieta deve ser adaptada em função do tipo de urólito do
animal.
Em caso de recidiva da ITU,
estará indicado o tratamento, por período indeterminado, com doses profiláticas
de agentes antibióticos que sejam eliminados pela urina, em concentrações
elevadas.
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