quinta-feira, 21 de junho de 2012

Paralisia de laringe em equinos


Uma das afecções mais comumente encontradas na laringe é a hemiplegia laringeana, conhecida também como: neuropatia laringeana recorrente, paralisia da laringe, “cavalo roncador” ou “chiador”. É um distúrbio em que há paralisia incompleta ou total da musculatura da laringe impedindo a abertura e o fechamento eficaz das cartilagens aritenóides. Como consequência desta paralisia, os animais apresentam sinais clínicos de ronco ao trote ou galope e em casos mais severos pode ocorrer hipóxia.
Na maioria dos casos não existe uma causa conhecida para a paralisia laringeana, chamada de Hemiplegia Laringeana Idiopática. A maior parte dos casos clinicamente detectáveis acomete o nervo laríngeo recorrente esquerdo, mas pode acometer o direito também, embora em menor grau.
Prováveis causas da paralisia de laringe:
- Compressão ou estiramento mecânico do nervo laríngeo recorrente esquerdo ao passar pelo arco-aórtico.
- Neuropatias induzidas por vírus ou bactérias.
- Deficiências vitamínicas.
- Secundariamente a infecções perivasculares ou perineurais.
- Intoxicação por carrapaticidas, envenenamento por chumbo, micose nas bolsas guturais, neoplasias, acidentes traumáticos na região do pescoço.
O nervo laríngeo recorrente é o responsável pela inervação de grande parte de estruturas anatômicas. A compressão ou lesão neste nervo ocasionará uma movimentação deficiente das cartilagens aritenóides, levando a uma diminuição do fluxo de ar.
A apresentação clínica se dá especialmente pela queda no rendimento desportivo e pelo ruído durante o exercício e o diagnóstico é feito por meio do histórico, exames físico e endoscópico das vias aéreas. A endoscopia é essencial e conclusiva para um diagnóstico preciso, sendo realizada em três momentos: com o animal em repouso, durante e logo após o exercício.
A Hemiplegia Laringeana Idiopática pode ocorrer em diferentes graus.
Grau I - aparência de assimetria como um artefato, devido à posição do endoscópio.
Grau II - a maioria dos movimentos são simétricos com abdução total. A sincronia ou atraso na abdução pode ser vista, principalmente, na aritenóide esquerda.
Grau III - assimetria, porém com plena abdução
Grau IV - assimetria é marcada, não há plena abdução, mas alguns movimentos estão presentes.
Grau V - Hemiplegia verdadeira – assimetria marcada com ausência de movimento do lado afetado e não há resposta ao “Slap Test”
O tratamento de eleição na maioria dos casos é cirúrgico. Em animais atletas, geralmente é instituída uma técnica cirúrgica específica que irá reduzir o ruído e melhorar o fluxo de ar para melhorar o rendimento do animal durante o exercício. Porém, em casos em que o cavalo é atendido precocemente, pode ser instituído um tratamento conservador, o qual dependerá da causa primária da lesão.
Complicações e erros cirúrgicos podem ocorrer, por exemplo, a cartilagem retornar à posição original e assim o animal volta a roncar.
O prognóstico deve ser considerado reservado, uma vez que o animal pode ter seu desempenho atlético comprometido, mas isto depende muito do nível de atividade desempenhada pelo animal.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Osteossarcoma



Os osteossarcomas são os tumores ósseos primários mais comuns em cães, 80% a 95% das neoplasias ósseas diagnosticadas, sendo de ocorrência menos freqüente no gato.
É um tumor mesenquimal maligno de células ósseas primitivas que histologicamente é composto por células mesenquimais anaplásicas que produzem osteóides. Localmente invasivo e rapidamente metastático, com forte predileção pelo pulmão.
O OSA apendicular é observado com maior freqüência em cães de meia idade e idosos, de raças grandes e gigantes, mais em cães pesados, como: São Bernardo, Rottweiler, Doberman, Pastor Alemão, Golden Retriever, Boxer, Labrador e Mastiff.
A maioria surge do canal medular dos ossos longos, podendo algumas vezes originar-se na cortical e no periósteo, e a região metafisária é o sítio primário mais comum de ocorrência. Os membros torácicos são mais acometidos que os pélvicos.


A etiologia permanece desconhecida. Existem relatos de OSA apendicular em fraturas não tratadas, osteomielite crônica e nos sítios prévios de fraturas associados a implantes metálicos ou enxerto cortical. A radiação tem sido relatada como uma causa. Alterações genéticas foram observadas em cães com OSA e relatadas como um importante fator de risco para o desenvolvimento deste tumor.
Cães com osteossarcoma apendicular são comumente apresentados com claudicação, inchaço e edema no membro afetado. A massa é geralmente firme e dolorosa à palpação.
Animais com diagnóstico radiográfico de metástases podem permanecer assintomáticos por muitos meses, entretanto, alguns se tornam apáticos e anoréxicos dentro de um mês, podendo apresentar tosse, dispnéia, perda de peso e fraqueza.
O diagnóstico tem como base a história clínica, exame físico, radiográfico e citológico, sendo a confirmação, muitas vezes, feita por biópsia e exame histopatológico.
O exame radiográfico é o método mais utilizado para o diagnóstico, porém é apenas sugestivo, pois o aspecto radiográfico pode ser variável.
A citologia aspirativa com agulha fina pode propiciar o diagnóstico definitivo como meio menos invasivo e relativamente barato. Uma biópsia de tecido pode também ser usada para diagnóstico citológico preliminar, obtendo-se uma impressão sobre lâmina.
Também é de extrema valia o uso de outros recursos como a cintilografia, tomografia ou ressonância magnética, que mais detalhadamente avaliam a neoplasia quanto a sua característica e extensão.
Confirmado OSA, há muitas opções de tratamento e controle da doença na tentativa de conseguir boa qualidade de vida, triada nos resultados dos exames.
O primeiro tratamento para OSA apendicular em cães é a amputação do membro afetado. Sua principal vantagem é que o procedimento proporciona a ressecção completa do tumor primário e conseqüente alívio da dor, sendo considerada tratamento paliativo. Depois da amputação, 70% a 90% dos cães desenvolvem metástase pulmonar com até um ano de cirurgia, sendo que 85% dos cães morrem de doença metastática. Os 15% restantes são considerados curados.
Metastectomia pulmonar é descrita como um procedimento que pode contribuir significativamente, aumentando o tempo de sobrevida de cães acometidos por metástase pulmonar.
A resposta individual de cães à quimioterapia é imprevisível, podendo resultar em insucesso. No entanto, a administração de uma droga citotóxica é necessária em face da doença metastática para diminuir a carga total do tumor, prolongar o intervalo livre da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. Em cães com metástase clinicamente ou radiograficamente detectável, a quimioterapia parece ser usualmente inefetiva.
A radioterapia como tratamento, pode ocasionar o alívio ou até remissão da dor por longos períodos e o retardo do crescimento neoplásico e sua combinação com a cirurgia pode prolongar significativamente a sobrevida dos pacientes, podendo, às vezes, ser curativa.
Cães jovens parecem apresentar a doença biologicamente mais agressiva e um tempo de sobrevida mais curto. Quando localizados na porção proximal do úmero ou em animais com peso superior a 40Kg, parecem estar também associados a menor taxa de sobrevida. O OSA apendicular, quando tem origem periosteal, é considerado de alto grau de malignidade, mais invasivo e potencialmente metastático.
A presença de metástase, detectada no momento do diagnóstico do ostessarcoma, é reconhecida como um fator de prognóstico pobre, sendo o tratamento menos efetivo em aumentar o tempo de sobrevida.
Níveis elevados de fosfatase alcalina são também fatores de tempo de sobrevida mais curto, mesmo quando tratados agressivamente.
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária
Oncologia Pet

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Quimioterapia em animais domésticos


Existem três principais métodos de tratamento de neoplasias em animais e uma delas é a quimioterapia, na qual as drogas utilizadas são as mesmas que na humana, porém em baixas dosagens. A terapia do câncer deve ser feita especificamente para se adequar a um caso individual, levando em consideração biologia, histologia, grau e extensão do tumor.
Muitos fármacos distintos foram identificados como apresentando atividade antineoplásica. Esses agentes podem ser divididos em grupos com base em seu modo de ação, atividade antitumoral e toxicidade.
Os principais fatores que determinam a resposta de uma neoplasia às drogas são: taxa de crescimento da neoplasia e resistência à droga, podendo evitar a ação dos fármacos por meio de diversos mecanismos bioquímicos e metabólicos.
A quimioterapia normalmente envolve condutas de tratamentos em que diferentes fases são descritas de acordo com o resultado objetivado. As etapas são:
Terapia de indução: diminuir a carga tumoral a um nível mínimo abaixo dos limites de detecção. Geralmente envolve um procedimento intensivo de tratamento administrado durante um tempo pré-determinado. Remissão clínica não significa cura.
Terapia de manutenção: quando é possível alcançar a remissão clínica por meio do tratamento de indução, um regime de tratamento menos intensivo pode ser adotado para manter a remissão.
Terapia de resgate: objetiva estabelecer uma remissão mais favorecida do tumor, o que normalmente envolve auxílio de terapia mais agressiva.
A principal indicação para quimioterapia como primeira linha de tratamento é em distúrbios linfoproliferativos e mieloproliferativos como, por exemplo, linfoma, mieloma e tipos de leucemia.
As complicações da quimioterapia podem surgir em qualquer época durante o tratamento. Alguns agentes citotóxicos podem induzir às reações de hipersensibilidade e podem resultar em diversas reações teciduais locais caso ocorra vazamento perivascular. As ações de drogas citotóxicas não são seletivas para células tumorais e seus efeitos em tecidos normais resultam em toxicidade e efeitos colaterais. Órgãos que apresentam elevada proporção de células em divisão são mais susceptíveis à toxicidade induzida por drogas. Deste modo, os efeitos colaterais mais comuns da quimioterapia são:
Toxicidade na medula óssea: mielossupressão, neutropenia e trombocitopenia.
Toxicidade gastrointestinal: anorexia, náuseas, vômito e diarréia.
Nesses casos algo deve ser feito imediatamente, entre em contato com o médico veterinário e leve para atendimento. Não espere o dia seguinte, pois o quadro pode piorar intensamente.
A queda de pêlos, ao contrário dos humanos, é incomum após quimioterapia de cães e gatos, porém pode ocorrer em algumas raças. Felizmente, as células normais conseguem proliferar e substituir as células mortas pela medicação e esses sintomas são temporários e revertidos com a interrupção do tratamento.
Na maioria das vezes, os animais mantém suas atividades normais como viajar, brincar com os familiares e com outros cães. Todavia, alguns agentes citotóxicos apresentam efeitos colaterais menos reversíveis, como cistite hemorrágica, cardiomiopatia e nefrotoxicidade.

Risco para as pessoas conviverem com animais tratados com quimioterapia
Os quimioterápicos são medicações excretadas do organismo através da urina e fezes. Isso geralmente ocorre 48 horas após o tratamento, mas pode persistir por mais 5 dias. Se possível, determine uma área para seu cão defecar e urinar. Utilize luvas plásticas para recolher as fezes e urina do cão, elimine todo o material utilizado para limpar. No caso de gatos, que usam caixa sanitária, manipule com auxílio de pás ou rastelos. No quintal lave bastante o local com água corrente. Mulheres grávidas devem evitar contato total com as excretas dos animais.