Resulta do enfraquecimento
e separação dos músculos e fáscias que formam o diafragma pélvico, promovendo deslocamento
caudal de órgãos no períneo. A doença é comum em cães machos, especialmente os
não castrados, e rara em fêmeas. Maior incidência entre os 7 e 9 anos, podendo
ser uni ou bilateral.
Em geral, ocorre
entre os músculos esfíncter externo e elevador do ânus e, ocasionalmente, entre
o elevador do ânus e coccígeo. A causa exata da fraqueza muscular é desconhecida,
mas alguns fatores têm sido propostos, como atrofia muscular neurogênica ou senil,
miopatias, aumento de volume da próstata, alterações hormonais e constipação
crônica. Algumas raças apresentam predisposição, como o boston terrier,
pequinês e boxer.
Os sinais
clínicos mais citados são tenesmo, constipação e aumento de volume perineal,
que pode ser redutível ou não. Se houver retroflexão da bexiga urinária,
ocorrerão estrangúria, disúria e anúria. Vários conteúdos são encontrados no
saco herniário, sendo comum a presença de fluido seroso.
O diagnóstico
baseia-se na história clínica, sinais clínicos, exames físicos (a palpação
retal é um dos exames mais importantes), radiográficos e ultrassom.
Existe uma
grande variedade de procedimentos cirúrgicos, sendo escolhido o melhor pelo médico
veterinário que irá realizá-lo. Entre as técnicas cirúrgicas, as mais efetivas
são as que utilizam transposições musculares. Se houver anormalidades retais
associadas, estas devem ser corrigidas. Quando a hérnia é bilateral, as lesões
podem ser corrigidas conjuntamente ou com intervalo entre os procedimentos
cirúrgicos. Em casos de recidivas, podem ser utilizadas técnicas de correção. A
orquiectomia é recomendada em associação à cirurgia por seus efeitos benéficos,
lembrando que a castração não previne o enfraquecimento da musculatura do
diafragma pélvico.
A utilização de
antibióticos após 12 horas do procedimento cirúrgico é apenas indicada em pacientes
debilitados ou com presença de tecidos isquêmicos, contaminados ou necróticos.
A ferida cirúrgica deve ser mantida limpa, analgésicos e antiinflamatórios
podem ser empregados para minimizar a dor e reduzir o edema. Situações de
tenesmo devem ser controladas com uso de dietas ou laxantes para evitar esforço
abdominal. O cão deve ser mantido com colar protetor até a retirada de pontos.
Muitas são as
complicações observadas após o reparo de hérnias perineais. Entre elas, a lesão
do nervo isquiático ou pudendo, incontinência fecal, infecção no local da incisão,
deiscência de suturas, colocação de suturas no lúmen retal ou sacos anais,
necrose da vesícula urinária, incontinência urinária, bem como a recorrência da
hérnia.
As recidivas
estão associadas à falha no isolamento das estruturas anatômicas, inadequada
colocação de suturas ou escolha inapropriada de materiais de sutura. O tenesmo
causado pela presença de divertículos e dilatações retais consiste em outro fator
contribuinte para o processo. As taxas de recorrência variam conforme a técnica
de correção utilizada, experiência do cirurgião, tempo de evolução da doença,
conteúdo herniário e enfermidades associadas.
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